O que é IA Generativa? 5 exemplos que você já usa e não sabia

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Você acorda, pega o celular e, antes mesmo de levantar, já está resolvendo a vida. Responde um e-mail rapidinho com a ajuda daquela sugestão que apareceu na tela, tira uma dúvida com o chatbot de uma loja e talvez até peça para uma IA criar uma imagem divertida para postar nas redes sociais. Parece uma manhã normal, certo?
Pois saiba que, antes mesmo do primeiro café, você já interagiu com algumas das IAs mais avançadas do planeta. Elas não estão em um futuro distante de filmes de ficção científica; estão aqui, agora, integradas de forma tão sutil no nosso dia a dia que muitas vezes nem notamos.
Essa tecnologia, que parece mágica, tem um nome: inteligência artificial generativa. E a missão aqui é desvendar como ela funciona e onde ela se esconde nas ferramentas que você já ama e usa. Mas como essa tecnologia se tornou tão presente? Para entender a revolução que estamos vivendo, primeiro precisamos dar um passo atrás e entender o conceito maior por trás de tudo.

O que é essa tal de IA generativa?

O nome já entrega o ouro: generativa vem de gerar, criar. Diferente de outras IAs que são treinadas para classificar dados ou reconhecer padrões, a IA generativa é projetada para construir conteúdo totalmente novo e original. Ela pode compor músicas, escrever histórias, criar imagens hiper-realistas e até mesmo gerar linhas de código complexas.
Para deixar tudo mais claro, vamos usar uma analogia. Imagine um chef de cozinha que não apenas segue receitas, mas que leu todos os livros de culinária do mundo, de todas as culturas e épocas. Com todo esse conhecimento, ele não só replica pratos famosos com perfeição, mas também é capaz de inventar combinações de ingredientes e sabores que nunca existiram antes, criando pratos únicos. A IA generativa faz exatamente isso, mas o seu "livro de receitas" é uma quantidade gigantesca de dados da internet: textos, imagens, músicas e códigos. Ela aprende os padrões, o estilo, o contexto e, a partir daí, gera algo novo.
A imagem exibe um chef de cozinha, com olhar focado, finalizando um prato gourmet. O detalhe principal está em seu chapéu de chef, que possui uma abertura no topo revelando um pequeno robô que opera os controles. A cena simboliza a IA generativa: o robô representa a inteligência artificial usando seu vasto conhecimento para guiar o chef na criação de algo novo.
A imagem exibe um chef de cozinha, com olhar focado, finalizando um prato gourmet. O detalhe principal está em seu chapéu de chef, que possui uma abertura no topo revelando um pequeno robô que opera os controles. A cena simboliza a IA generativa: o robô representa a inteligência artificial usando seu vasto conhecimento para guiar o chef na criação de algo novo.
Essa capacidade de criar vem de "cérebros" digitais conhecidos como modelos generativos, que são o motor da coisa toda. Para quem quer ir um pouco mais fundo em como funciona a IA generativa, temos um post que detalha o processo. No coração desses modelos estão os LLMs (Large Language Models), que são verdadeiras bibliotecas de conhecimento que permitem essa "mágica" acontecer.

Sua rotina turbinada pela IA

Agora que a gente já está na mesma página sobre o que é essa tecnologia, vamos para a parte mais legal: encontrar a IA generativa em ação no seu dia a dia. Você vai se surpreender com o quanto ela já faz parte da sua vida, otimizando pequenas tarefas e abrindo um universo de possibilidades criativas.
Para dar um spoiler do que vem pela frente, preparamos um resumo das aplicações que vamos explorar.
Aplicação cotidiana
Ferramenta/exemplo principal
O que a IA faz por você?
Assistente de escrita
Gmail (Smart Compose)
Sugere frases inteiras para você escrever e-mails mais rápido.
Atendimento ao cliente
Chatbots de e-commerce
Resolve suas dúvidas a qualquer hora, de forma personalizada.
Criação visual
Midjourney, DALL-E
Transforma suas ideias em texto em imagens incríveis.
Superpoder para devs
GitHub Copilot
Ajuda programadores a escrever e entender código como um parceiro.
Busca inteligente
Google (SGE)
Responde suas perguntas diretamente, em vez de apenas mostrar links.

O copiloto de e-mails:

Sabe aquela vez que você começou a digitar um e-mail e, como num passe de mágica, o resto da frase apareceu em um texto cinza, pronto para ser aceito com a tecla "tab"? Esse é o Smart Compose do Gmail, um dos exemplos mais claros e presentes de IA generativa na nossa rotina. A função dele é simples e poderosa: acelerar a escrita de e-mails, sugerindo frases inteiras enquanto você digita.
O benefício mais óbvio é a economia de tempo. Segundo o Google, essa ferramenta poupa os usuários de digitarem mais de 1 bilhão de caracteres por semana globalmente. É menos esforço para escrever aquelas frases repetitivas e mais tempo para focar no que realmente importa na mensagem.
Mas a verdadeira genialidade do Smart Compose está na sua capacidade de personalização. A IA não oferece apenas sugestões genéricas; ela aprende com o seu estilo de escrita. Se você costuma cumprimentar sua equipe com um "E aí, pessoal" em vez de um formal "Prezados", o Smart Compose vai se adaptar e começar a sugerir saudações no seu tom de voz. Essa personalização acontece porque o modelo de IA analisa os padrões da sua escrita (de forma privada e segura) para oferecer sugestões que soem como você, tornando a assistência quase invisível e perfeitamente integrada ao seu fluxo de trabalho. Essa mesma lógica de assistência inteligente, que poupa tempo e otimiza tarefas, está sendo aplicada em larga escala para ajudar times de tecnologia a otimizar suas rotinas, liberando os profissionais para focarem em problemas mais complexos.

Atendimento ao cliente que não dorme:

Todo mundo já passou pela experiência frustrante de conversar com um chatbot antigo, daqueles que só entendem palavras-chave e vivem em um loop de "Não entendi, por favor, digite uma das opções abaixo". Felizmente, a IA generativa chegou para aposentar esses robôs e dar vida a uma nova geração de assistentes virtuais.
A grande virada de chave é que os chatbots modernos, turbinados com IA, não dependem mais de regras e scripts pré-definidos. Eles utilizam processamento de linguagem natural (PLN) para entender o contexto, a intenção e as nuances da conversa, simulando um diálogo humano de forma muito mais autêntica. Em vez de apenas reconhecer a palavra "pedido", eles conseguem interpretar uma frase complexa como: "Oi, eu comprei um tênis azul na semana passada, mas ainda não chegou. Pode me ajudar a rastrear?".
Na prática, isso transforma a experiência do cliente. Para o consumidor, significa ter acesso a um suporte 24 horas por dia, 7 dias por semana, capaz de resolver problemas, tirar dúvidas e até oferecer recomendações de produtos personalizadas com base no histórico de compras, tudo de forma instantânea. Para as empresas, é uma forma de ampliar a capacidade de atendimento e coletar dados valiosos para melhorar continuamente seus serviços. Essa transição de uma interação baseada em comandos para uma baseada em conversas torna a tecnologia mais humana e acessível. O mais incrível é que essa tecnologia está cada vez mais ao alcance de todos. Hoje, com as ferramentas certas, qualquer entusiasta pode aprender a criar um chatbot com IA para um projeto pessoal ou para automatizar tarefas.

Artista e designer digital:

Esta é talvez a aplicação mais visualmente espetacular e divertida da IA generativa. Ferramentas como Midjourney, DALL-E e Stable Diffusion se tornaram um fenômeno por uma razão simples: elas transformam palavras em arte. O conceito é direto: você descreve uma cena com o máximo de detalhes que conseguir, e a IA gera uma imagem original baseada na sua descrição.
Quer ver "um astronauta surfando em uma onda de anéis de Saturno, no estilo de uma pintura a óleo clássica"? Basta pedir. A IA interpreta sua solicitação, dividindo-a em conceitos (astronauta, surf, anéis de Saturno, pintura a óleo), e então mergulha em seu vasto banco de dados de imagens e padrões visuais para combinar esses elementos de uma forma coesa e esteticamente agradável. O resultado pode ser fotorrealista, surrealista, um desenho animado ou o que mais a sua imaginação mandar.
As aplicações práticas são imensas. Profissionais de marketing criam visuais para campanhas publicitárias em minutos, designers geram protótipos de produtos, e criadores de conteúdo alimentam suas redes sociais com imagens únicas e atraentes. Essa tecnologia não está substituindo a criatividade humana, mas sim ampliando-a, funcionando como uma ferramenta poderosa para explorar ideias visuais de forma rápida. Para que a IA consiga gerar resultados tão criativos e precisos, a qualidade dos dados com que ela é treinada é tudo. A importância da amostragem nesse processo é o que garante que o modelo tenha um repertório rico e diversificado para suas criações.

Escrevendo código com um parceiro:

Agora, vamos dar uma espiada por trás das cortinas e ver como a IA generativa está transformando o mundo do desenvolvimento de software. Ferramentas como o GitHub Copilot estão sendo chamadas de "AI pair programmer", ou seja, um parceiro de programação de IA que trabalha lado a lado com o desenvolvedor.
Para um público não-técnico, a melhor forma de entender é imaginar um programador construindo um site. Em vez de digitar cada linha de código manualmente, ele pode escrever um comentário em linguagem normal, como: "Crie uma função que valida se o e-mail do usuário é válido". O Copilot, então, sugere o bloco de código completo para realizar essa tarefa. Ele também pode autocompletar código, explicar trechos confusos e até ajudar a encontrar e corrigir bugs.
Isso representa uma mudança gigantesca na produtividade e no fluxo de trabalho. Tarefas repetitivas são automatizadas, permitindo que os desenvolvedores se concentrem em desafios mais complexos e na arquitetura geral do projeto. Essa é uma área que está explodindo e mudando o jogo para quem programa. Ferramentas como o Cursor, o editor de código com IA, mostram que a IA na programação pode resolver grande parte do trabalho. Isso abre portas incríveis para um desenvolvedor júnior acelerar sua carreira e até mesmo para criar automações complexas, como transcrever vídeos usando a API da OpenAI com Node.js, com muito mais agilidade.

Uma nova forma de pesquisar :

Por último, temos uma aplicação que está redesenhando uma das atividades mais fundamentais da internet: a busca de informações. O Google está arrasando com sua Search Generative Experience (SGE), que transforma a página de resultados de busca em um diálogo.
A experiência é diferente do que estamos acostumados. Ao fazer uma pergunta, em vez de receber apenas a tradicional lista de links azuis, o Google apresenta no topo da página um "resumo gerado por IA". Esse resumo responde diretamente à sua pergunta, sintetizando informações de várias fontes da web em um texto coeso e fácil de ler. Se você perguntar "quais os melhores destinos de praia no Nordeste para viajar com crianças?", a SGE pode te dar um parágrafo com sugestões, mencionando as vantagens de cada uma, sem que você precise abrir cinco abas diferentes para comparar.
Essa abordagem economiza tempo e simplifica a pesquisa de tópicos complexos. É importante notar que essa tecnologia ainda é experimental e, como toda IA, pode ocasionalmente gerar informações imprecisas. Para conseguir essa proeza, o Google utiliza redes neurais complexas, baseadas em conceitos como o MCP que é um conceito chave da IA moderna. Um dos maiores desafios é garantir que a IA não "invente" informações, e para isso os engenheiros trabalham muito na otimização de modelos para evitar overfitting, um fenômeno que pode levar a respostas incorretas.

O segredo por trás da mágica: como "conversar" com as IAs?

Depois de ver todos esses exemplos, você deve estar se perguntando: "como eu consigo fazer a IA gerar exatamente o que eu quero?". A resposta está em uma palavra: prompt.
O prompt é simplesmente a instrução, a pergunta ou o pedido que você faz para a IA. Pense nele como o seu pedido em um restaurante. Se você chega no balcão e diz apenas "quero comida", o atendente não saberá o que te entregar. Mas se você faz um pedido detalhado – "quero um hambúrguer duplo, com queijo cheddar, bacon, salada de alface e tomate, sem cebola e com molho especial" –, as chances de receber exatamente o que você imaginou são enormes.
Com a IA generativa, a lógica é a mesma. Um prompt vago gera um resultado vago. Um prompt específico, rico em detalhes, contexto e exemplos, desbloqueia todo o potencial criativo da ferramenta. Essa arte de criar bons pedidos tem um nome que você vai ouvir muito: engenharia de prompts. Saber como escrever prompts já é considerado uma nova super-habilidade no mercado. E a coisa fica ainda mais poderosa com técnicas como o prompt chaining.

Conclusão: O futuro é agora, e você faz parte dele

Ao final desta jornada, fica claro que a IA generativa deixou de ser uma promessa para se tornar uma presença constante e transformadora em nossas vidas. Do e-mail que você escreve pela manhã ao jeito como busca informações, essa tecnologia está silenciosamente remodelando nossas interações digitais, tornando-as mais ágeis, criativas e personalizadas.
Agora que você entendeu como as IAs funcionam e como "conversar" com elas através de prompts, que tal dar o próximo passo e colocar essa tecnologia para trabalhar para você de forma autônoma? A capacidade de criar bons pedidos é só o começo. O nível seguinte é a automação, onde você ensina as IAs a executarem tarefas complexas sozinhas.
Imagine poder desenvolver seus próprios agentes de IA com Python para analisar dados, ou usar ferramentas como o N8N para construir um agente autônomo que organiza sua agenda e responde e-mails por você. Essa é a fronteira mais empolgante da IA no momento, e aqui na Rocketseat, estamos mergulhados nisso.
 
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